O MISTÉRIO DA CRUZ

              Nem todo dia é santo, nem toda semana. Mas essa é. E única. A Semana Santa. Nela comemoramos os fatos que abalaram e salvaram o mundo: a Paixão, Morte, sepultura e Ressurreição de Jesus Cristo, o seu mistério pascal, esclarecedor dos nossos dramas e enigmas.
Nesta semana, “manteremos o olhar fixo sobre Jesus Cristo: nele encontra plena realização toda a ânsia e anelo do coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão diante da ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte... Nele, morto e ressuscitado para a nossa salvação, encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram esses dois mil anos da nossa história da salvação” (Bento XVI - Porta Fidei). “Na sua morte de cruz, cumpre-se aquele virar-se de Deus contra Si próprio, com o qual Ele Se entrega para levantar o homem e salvá-lo — o amor na sua forma mais radical. No mistério pascal, realizou-se verdadeiramente a nossa libertação do mal e da morte” (Bento XVI, Sacramentum Charitatis).
“Do paradoxo da Cruz surge a resposta às nossas interrogações mais inquietantes. Cristo sofre por nós: Ele assume sobre si os sofrimentos de todos e redime-os. Cristo sofre conosco, dando-nos a possibilidade de partilhar com Ele os nossos sofrimentos. Juntamente com o de Cristo, o sofrimento humano torna-se meio de salvação. Eis por que o crente pode dizer com São Paulo: ‘Agora alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja’ (Cl 1, 24). O sofrimento, aceite com fé, torna-se a porta para entrar no mistério do sofrimento redentor do Senhor. Um sofrimento que já não priva da paz e da felicidade, porque é iluminado pelo esplendor da ressurreição” (Mensagem Dia mundial do doente 11-2-2004 B. João Paulo II).

“Ouvimos a Paixão do Senhor. Será bom nos por apenas uma pergunta: Quem sou eu? Quem sou eu, face ao meu Senhor? Sou como Judas, que finge de amar e beija o Mestre para entrega-lo, para traí-lo? Sou eu um traidor? Sou eu como Pilatos? Quando vejo que a situação é difícil, lavo as mãos e não assumo a minha responsabilidade, condenando ou deixando condenar as pessoas? Sou eu como aquela multidão que não sabia bem se estava numa reunião religiosa, num julgamento ou num circo, e escolhe Barrabás? Para ela tanto valia: era mais divertido, para humilhar Jesus. Sou eu como os soldados, que batem no Senhor, cospem-lhe em cima, insultam-no, divertem-se com a humilhação do Senhor? Sou eu como Simão de Cirene que voltava do trabalho, cansado, mas teve a boa vontade de ajudar o Senhor a levar a cruz? Sou eu como aqueles que passavam diante da Cruz e escarneciam de Jesus: ‘Era tão corajoso! Desça da cruz e nós acreditaremos nele!’. Sou eu como aquelas mulheres corajosas e como a Mãe de Jesus, que estavam lá e sofriam em silêncio? Onde está o meu coração? Com qual destas pessoas me pareço? Que esta pergunta nos acompanhe durante toda a semana” (Papa Francisco, Domingo de Homilia do Domingo de Ramos).

1 comentários:

  1. A bênção, D Rifan!
    A Crucifixão de Nosso Senhor Jesus Cristo é marcada pela ambiguidade de atitudes e acontecimentos à ocasião: dias antes, Jesus é recebido em festa por uma multidão que parecia estar de fato a Seu lado, mas depois é condenado à morte pelo mesmo povo que se comportou incoerentemente: assim como cantou “hosanas”, também vociferou “crucifica-O”!
    O Jesus triunfante na entrada em Jerusalém é aquele que será humilhado pela morte de cruz poucos dias após: contradizendo-se Pilatos que não deseja a condenação; Pedro que se arrepende de sua covardia; Judas, o povo em geral; atualizando, nós, os quais em nada nos diferenciamos dos que O condenaram à morte de cruz como malfeitor!
    E o que há de Judas Iscariotes por aí, versão século XXI não são poucos, inclusive dentro da igreja, supostos católicos, cada qual traindo a Cristo de uma forma, a começar por praticar o ateísmo atual que é o indiferentismo, o relativismo, alianças a ideologistas e, por cima, dar apoio a governos anti Cristo, como aos social-comunistas, reedições dos pagãos Césares de Roma – apenas com outra roupagem, no fundo são os mesmos – arquiinimigos figadais dos cristãos e potenciais perseguidores de sua Igreja.
    Somos também contraditórios em muitos momentos de nossa vida, ora com Cristo, ora com o mundo, vacilantes, cristãos superficiais, quem sabe uns Pilatos em nossas omissões, Pedro, uns medrosos de assumir a fé ou os Judas, quando nos aliamos ao atual relativismo, continuando na Sua crucifixão através dos tempos.
    Infindas provas de nossas infidelidades não nos faltam: temos sido dos que se unem no momento do êxtase ao Messias, mas quando as exigências do cristianismo – a cruz se nos apresenta – saimos fora, resultando no atual mundo com que somos coniventes ou omissos de ao menos o denunciar.
    Feliz Pascoa!

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